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Percepções entre fumaça e pães de queijo

Acabava meu lanche quando um grupo de adolescentes passou por mim. Uma garota de cabelo cogumelo e meias 3/4 me olhou por alguns segundos a mais que os outros. Foram em bando se juntar a um outro que fumava. Ficaram todos no meu campo de visão.

Continuei observando enquanto um a um colocava a boca num objeto e então jogava a cabeça para trás, como se fosse uma espécie de pose padrão, para soltar a fumaça, enquanto os outros encaravam atentamente a cortina cinza que se formava na vez, parecendo ser ela a grande sensação da atividade.

Eu me perguntei que tipo de grupo eles seriam. Será que eram os descolados a que muitos queriam ser iguais? Ou será que eram os desordeiros pra quem os mais conservadores torciam o nariz? Será que o mundo os via como o assombroso nascimento da nova geração? Ou eu é que tinha me atrasado na percepção de que eles representam uma realidade já instalada há tempos?

Logo depois desse pensamento a garota de cabelo cogumelo me olhou de novo e fumaçou. Uma charmosa locomotiva. Talvez ela tenha se perguntado ou até afirmado um igual conceito de estranheza em relação a mim, que com meu pão de queijo mordido, meu boné desproporcional (que comprei negligenciando a estética por precisar de um com certa urgência) e minha imensa jaqueta cheia de bolsos não representava a melhor definição de figura.

Ponto de vista de lá, ponto de vista de cá. O mundo é mesmo uma bola interessante. Pequeno, como diz o ditado, e ainda assim, cheio de mil e um outros mundos dentro.


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