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Ser eu: um posicionamento na era das redes sociais

Atualizado: 2 de jun.

Fim de ano desperta na gente um ímpeto de recomeço. Sentimos vontade de mudança, ficamos mais questionadores, reflexivos. Eu não estou diferente disso. Mas minha inquietação é pontual. Até antiga, digo: Redes sociais. Faz tempo que me debato entre o desejo de dividir a minha arte e a cada vez maior sensação de desencaixe, desinteresse, superficialidade e perda de vida que me traz a experiência nessa sociedade virtual.

Sinceramente, não quero estar ali. Tomando essa constatação como partida, a pergunta óbvia é: Por que estou, então? Abri minhas gavetas de pensamentos e conceitos em busca da resposta. Reuni ideias de cá, umas teimosias de lá, arrastei do fundo do baú umas vontades empoeiradas e eis o que formulei: Eu entendo a rede social como um meio de compartilhar. Afinal, o que difere a foto postada da foto na memória do celular é que a primeira é para outras pessoas verem. Logo, eu posto o que quero que seja visto, no meu caso, arte.

 Até aqui, tudo simples, fácil, solucionamos a questão. Antes fosse. Uma vez dentro dessa máquina de exposição, percebemos que ela funciona muito além de mostrar, ela trabalha pra conquistar – Tempo, atenção, dinheiro, admiração, argumentos. Daí, vale tudo. Polêmica, dança, briga, piada, corpo, choro, vida, morte. O que era pra ser (no meu conceito pelo visto simplório) um álbum de fotos, se tornou uma janela, melhor dizendo, uma porta escancarada para debaixo da cama, para a cozinha, o banheiro e a gaveta de calcinhas. Quanto mais exposto, íntimo, confidente para o público, mais sucesso.

E Voilá, chegamos a outra parte de minhas resoluções. A palavra sucesso. Sendo a sua definição a que acabei de descrever, me pergunto se é algo que almejo. E a resposta nem precisa ser pensada: Não. Opto por não entrar no mérito de ser bom ou ruim, se alguém deriva disso alguma felicidade, vê motivos para sua defesa ou simplesmente aceita que essa é a realidade da nova era tecnológica, nada tenho eu com isso. Meu compromisso é comigo e com o que respeita minha autenticidade e a liberdade da minha arte. Eu não sou capaz de descaracterizar quem eu sou para caber num molde só porque é daquele jeito que vou ter mais visualização, atenção, dinheiro. Acho caro. Certamente, sei que se não pago o preço, não levo o produto. Assim sendo, não espero a tal viralização, fama e toda a parafernália tão cobiçada.

Então, depois de responder, mesmo sem perguntar, para o que eu não estou nas redes sociais, o que resta é o simples e velho mostrar. Aliás, compartilhar, pra usar um jargão mais apropriado. Partiu daqui, chegou aí, feito. Se vai chegar a 1 ou a 100, tanto faz. Quero que minha arte esteja disponível para ser vista. E assim, esta usuária da rede social formula seu posicionamento (termo comumente visto em postagens, seguido geralmente de uma lista de regras do que fazer). A minha é mais resumida: Ser eu.

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