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À Deriva de Si

Atualizado: 14 de ago.

Sem rumo, alguém caminha a perder-se por qualquer canto. É deliberado. Não quer saber aonde vai. Não há chão que lhe signifique importância. Tudo terra, tudo cova.

Não disse adeus, não deu abraços. Despedidas são falhas, podem iludir a ficar. Preferiu sair de surpresa – um súbito até para si mesmo. E foi-se embora, deixando para trás portas e janelas que tantas vezes lhe viram ir e voltar.

Sentiu no bolso a valsa das moedas, tilintando sua miséria, a combinar com a alma. Viu a rua encher-se de pessoas, rostos genéricos e sem vida, como qualquer um.

Seguiu o caminho pelo mato. Parecia haver mais razão e necessidade em plantas e bichos que nos homens. Não que seja uma reclamação social e menos ainda sentimental; é só alguém tentando não se sentir tão mal.

Continuou uma rota improvisada, desejando chegar a algo, já que em nada a própria vida já tinha dado.

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