Uma Tarde de Gelato e Leitura
- Rosi Alves

- 28 de mai.
- 1 min de leitura
Atualizado: 14 de ago.
Sentir-me à mesinha da gelateria numa tarde quente de terça-feira. Abri o livro que estava lendo na inocente intenção de passar uma tarde de silêncio e doçura. Mal sabia eu que havia perdido a habilidade de ler em público com total concentração, como me era tão fácil na adolescência.
Poucos minutos se passaram do começo da leitura e já estava eu olhando aos redores. À minha direita, parecia ser uma espécie de ponto de táxi, carona, ou seja lá a forma de transporte combinada. Ali, as pessoas simplesmente esperavam.
Um homem que pisava o calcanhar em cima dos sapatos sociais fumava devagar, enquanto olhava fixamente pro chão. Parecia tomado de mil pensamentos que não me pareceram envolver somente o calo nos pés.
Uma outra ralhava com a criança que segurava sua mão e choramingava para ir embora. Havia uma dó na sua expressão, talvez mais por si mesma que pelo pequeno ser humano.
Mais longe, um casal se abraçava. Ambos levavam roupa de academia e mesmo suados, estavam juntos. Início de relacionamento, quando o grau da paixão obtuz as preferências, o olfato e consideram todo e qualquer momento apropriado para demonstrações de afeto? Talvez.
Quando dei por mim, percebi que tinha me tornado uma leitora diferente. Se antes, eu sempre ia para algum lugar munida de um livro, agora não conseguia me concentrar nas palavras, estava ocupada lendo pessoas.
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